sexta-feira, 3 de setembro de 2010

mundos sob lentes macro (exposição fotográfica)

Lucia Maria Paleari
Sílvia Rodrigues Machado



Flor masculina de Croton glandulosus (Euphorbiaceae), de aproximadamente
4mm, evidenciando nectário com uma gota de néctar, composto de açucares
dos açucares frutose, sacarose e glicose. (Foto:L.M. Paleari)


A vegetação ruderal, conhecida pela maioria das pessoas como mato, é composta por um grupo de plantas bastante diverso. Em geral, as pessoas só se dão conta delas quando estão adensadas em terrenos baldios e plantações, de onde, quase sempre, são eliminadas com o uso de herbicida e capina com enxada.
Ao olhar descuidado da maioria das pessoas elas não apresentam atrativos. Por não possuírem valor ornamental e serem vistas como competidoras por nutrientes com espécies cultivadas, ou por atrapalharem a colheita, essas plantas são consideradas nocivas. Entretanto, nem sempre é assim. Diversos estudos já mostraram que áreas de cultura deixadas com vegetação ruderal não tiveram uma produção de alimento reduzida, quando comparada com a produção de áreas semelhantes, mas sem essa vegetação. Além disso, tais plantas ajudam a conservar o solo dando proteção contra erosão (perda de nutrientes), sol direto e perda excessiva de umidade.

Apenas algumas espécies de plantas ruderais merecem atenção com vistas à eliminação, a depender de onde estejam instaladas e do papel que desempenhem no local.

Croton glandulosus, a planta ruderal que é nosso principal foco de estudo, reúne uma entomofauna (fauna de insetos) minúscula e bastante diversificada. Quanto mais estudamos essa planta e os insetos que usam o seu néctar, pólen e folhas, mais nós nos surpreendemos. São formas, cores, estruturas inimagináveis, relações intrigantes. Em épocas secas, como a que estamos vivendo, muitas das plantas ruderais ainda florescem e servem de recurso alimentar a espécies como as abelhinhas Jataí da família Meliponinae.


Detalhe da flor masculina de Croton glandulosus (Euphorbiaceae), 624 vezes
maior do que o tamanho natural que é de aproximadamente 3,3mm (fotografia
em microscópio eletrônico de varredura, por Silvia Rodrigues Machado).

Se não trabalhássemos com equipamentos tão potentes para obter fotos que nos permitissem revelar e ver detalhes, jamais descortinaríamos tais mundos, inalcançáveis ao nosso olhar desnudo. E são essas maravilhas, retratadas com lentes macro acopladas à máquina fotográfica e também observadas e fotografadas ao microscópio eletrônico de varredura, que estamos mostrando nesta exposição. Além de Croton glandulosus, reunimos também algumas outras espécies de plantas ruderais e insetos a elas associados.

Lucia Maria Paleari
Silvia Rodrigues Machado
UNESP, Instituto de Biociências – Botucatu, SP.

Projeto Croton / Fapesp 08/52134-2


Até 02 de Outubro
De 3ª a 6ª, das 9 às 18 horas
Sábados, das 9 às 13 horas
Museu de Arte Contemporânea [MAC] Itajahy Martins
Av. Dom Lúcio, 755 – Botucatu - SP
















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